O tempo e as jabuticabas...
Texto de: Rubem Alves
Filósofo,teólogo,psicanalista, professor, escritor... E, poeta...
Filósofo,teólogo,psicanalista, professor, escritor... E, poeta...
Contei
meus anos e
Descobri
que terei menos tempo para viver
Daqui
para a frente do que já vivi até agora...
Tenho
muito mais passado do que futuro...
Sinto-me
como aquele menino
Que
recebeu uma bacia de jabuticabas...
As
primeiras, ele chupou displicente...
Mas
percebendo que faltam poucas,
Rói
o caroço...
Já
não tenho tempo
Para
lidar com mediocridades...
Não
quero estar em reuniões
Onde
desfilam egos inflados...
Inquieto-me
com invejosos
Tentando
destruir quem eles admiram,
Cobiçando
seus lugares, talentos e sorte...
Já
não tenho tempo
Para
conversas intermináveis...
Para
discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha...
Já
não tenho tempo para administrar
Melindres
de pessoas que,
Apesar
da idade cronológica,
São
imaturas...
Detesto
fazer acareação de desafetos
Que
brigaram pelo majestoso
Cargo
de secretário geral do coral...
“As
pessoas não debatem conteúdos...
Apenas
os rótulos...”
Meu
tempo tornou-se escasso para debater rótulos...
Quero
a essência...
Minha
alma tem pressa...
Sem
muitas jabuticabas na bacia
Quero
viver ao lado de gente humana, muito humana...
Que
sabe rir de seus tropeços...
Não
se encanta com triunfos...
Não
se considera eleita antes da hora...
Não
foge de sua mortalidade...
Caminhar
perto de coisas e pessoas de verdade...
O
essencial faz a vida valer a pena...
E
para mim,
Basta o essencial!

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